A Casa de Santa Ana é uma organização não governamental que há quase 20 anos desenvolve ações e projetos de promoção da saúde e atendimento integral a pessoas idosas na Cidade de Deus (RJ). Atua  na promoção da saúde social, na reabilitação física e cognitiva de idosos, assim como qualificar e ampliar seu protagonismo comunitário e político. A Casa, através dos seus programas, previne o asilamento, promove integração intergeracional, amplia e qualifica a rede serviços de atendimento e proteção social para pessoas idosas. A metodologia desenvolvida pela instituição é considerada modelo e referência para formar recursos humanos capacitados a atuar junto aos idosos e suas famílias em diversos níveis, como cuidadores formais e informais de idosos.  

A metodologia da Casa de Santa


No Brasil onde a segurança social e os serviços de saúde para os mais pobres são inexistentes ou precários a população acima de 60 anos fica cada vez mais vulnerável. Qualquer brasileiro com mais de 65 anos comprovadamente pobre é elegível para receber um salário mínimo da Previdência Social,e esse pagamento, muitas vezes se torna a única renda da família. Enquanto as famílias são obrigadas por lei e por necessidade a ficar com seus membros idosos, poucas sabem e têm os meios para fazê-lo. Para essas famílias pobres, ter um familiar idoso com necessidades especiais podem ser financeira e emocionalmente desastroso. Casos de maus-tratos e abandono de idosos ocorrem regularmente. A inovação da Casa de Santa Ana foi replicar o modelo de "creche" como espaço de acolhimento, cuidado e aprendizagem. O idoso ficando durante o dia fora de casa, libera os membros de sua família para o trabalho, além de diminuir despesas com alimentação e cuidados básicos de saúde. O ingresso do idoso nos Programas da Casa mobiliza a família  a participar de ações educativas sobre o trato com pessoas idosas, o que diminui a tensão familiar e diminui o risco de violências domésticas e potencializa vínculos intergeracionais.  Soma-se ainda ao fato de que o aumento do autonomia, foco da ação da Casa, torna menos trabalhaso e mais barato cuidar e conviver com a pessoa idosa. Outro aspecto fundamental da contribuição desse modelo ao sistema de saúde, é que centros dias reduzem drasticamente riscos de quedas e outros agravantes à saúde que lotam os hospitais e centros de saúde, e podem provocar seguelas irreversiveis em pessoas idosas.


As atividades programáticas da Casa estão organizadas em:

Recepção e café da manhã
Programa de Atendimento Integral
O Atendimento direto integral é realizado através de Centro Dia e do Centro de Convivência. Nesses espaços os idosos têm acesso a serviços sociais, terapias complementares (acupuntura, shiatsu, pranaterapia), fisioterapia individual e em grupo, enfermagem, psicologia, atendimentos primários na área de saúde, suplementação alimentar (quatro refeições diárias), além de uma variada programação sócio-cultural, para a qual também são mobilizadas crianças, jovens e familiares. Pioneira no Brasil, a Casa implantou dois dos principais modelos de atendimento recomendados pela Lei 8.842 /94 e das diretrizes da Política Nacional do Idoso: Centro de Convivência com ações preventivas através de atividades educativas, artísticas e culturais e o Centro Dia. Os dois Centros ficam na Cidade de Deus (zona oeste do Rio de Janeiro) e atendem a uma média de 150 pessoas/dia.


Programa de Qualificação e Formação
O programa de qualificação começou como resposta a demanda trazida pelos familiares dos idosos atendidos. O problema era como dispensar-lhes cuidados de maneira adequada e sem gerar maior trabalho ou conflitos domésticos. A Casa iniciou um processo de sistematização de sua metodologia e passou a orientar familiares e também idosos, já que muitos deles com maior grau de autonomia cuidavam de parentes e vizinhos que exigiam mais atenção.  Essa metodologia e conteúdo foram ampliados e atividades de formação e qualificação passaram a ser atividades regulares da Casa. 






Onde estamos


O bairro Cidade de Deus, onde funciona a Instituição, conta com 38 mil habitantes. Destes, 3.656 (9,6%) têm mais de 60 anos. De sua população, 24,7% é considerada pobre, possuindo renda de até ½ do salário mínimo. É uma das 4 regiões da cidade do Rio de Janeiro com a menor renda per capita (renda média de R$200,00), e com um dos maiores índice de desemprego. É um dos oito bairros – entre os 160 do município - que não possui nenhum equipamento cultural, como teatros e salas de espetáculos, cinemas, museus, galerias de arte, bibliotecas populares /especializadas, escolas/sociedades musicais, espaços e centros culturais.
Esta realidade torna precária a situação familiar do idoso, que com freqüência vê-se sozinho no seu domicílio, e seus potenciais familiares cuidadores inseridos na economia informal. A oferta da oficina para cuidadores formais e informais visa atender a demanda de cuidados apresentada por uma população expressiva e pela necessidade de maior empregabilidade de jovens e adultos que deveriam estar economicamente ativos. Os problemas de urbanização também comprometem a mobilidade dos idosos e é um dos fatores que aumentam a dificuldade de acesso a serviços e convívio comunitário.